terça-feira, 20 de setembro de 2011
Home is where the heart is...
Os seres vivos nascem, crescem, se reproduzem e morrem. Crescer significa aprender a exigir o essencial e entregar o mínimo possível. Duro? Se chama vida.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Nada meu
Esse pedaço de terra que eu tenho se chama mundo. Se fosse só meu seria poesia. Sem rimas, versos brancos, livres, porque as palavras são donas de si, e elas gostam de brincar de roda. Mas eu divido o mundo. Tenho dividido com as crianças brincando de bola nos dois metros quadrados de varanda das casas padronizadas de interior, com as chaminés de ricos quietos que rasgam o mato como espinha no nariz depois da Páscoa. Divido com as estradas entre as montanhas e a moça grávida do quinto filho carregando roupa lavada na cabeça. E com as cabeças de gado que esperam enfeitar a mesa do homem da cidade, e as plantações repetidas por quilômetros. Tudo meu.
Divido com as propagandas políticas nas casas pobres, com a moto barulhenta pela estrada de barro. Divido com a pipa presa no fio de telefone, com a inchada capinando o chão, a cruz no acostamento. Tudo, tudo isso é meu. E ainda divido com o açude pouco cheio, e os gatos garimpando arroz que cai dos pratos. Com a inveja dos doutores, a humildade das casas de barro, a alegria do trigo quando esbarra no vento. Tudo é meu. É meu e é poesia, mas poesia rimada.
Poesia que para quando ordenam, mas que atropela povoados inteiros de necessidade fingindo não olhar. Poesia que segue bonita como brincadeira, e às vezes se cansa de tanta fumaça. As palavras dão as mãos e vão juntas, e são minhas porque eu as escrevo. Mas só minhas, porque poucos as guardam.
O mundo é meu, e é demais, e os que participaram da minha divisão não o suportam. Eu muito menos, mas nada posso fazer, porque é meu. Meu e dos outros, mas poucos o sabem.
Esse pedaço de terra que eu tenho se chama mundo. E no final de tudo, depois das divisões, das brigas pela maior parte, das lágrimas de quem nada conseguiu, depois de tudo isso, deixo o mundo de lado e volto pra mim, para a doce cantiga de ninar que meu violão, inerte e indiferente, canta ao mundo para que ele vá dormir.
Divido com as propagandas políticas nas casas pobres, com a moto barulhenta pela estrada de barro. Divido com a pipa presa no fio de telefone, com a inchada capinando o chão, a cruz no acostamento. Tudo, tudo isso é meu. E ainda divido com o açude pouco cheio, e os gatos garimpando arroz que cai dos pratos. Com a inveja dos doutores, a humildade das casas de barro, a alegria do trigo quando esbarra no vento. Tudo é meu. É meu e é poesia, mas poesia rimada.
Poesia que para quando ordenam, mas que atropela povoados inteiros de necessidade fingindo não olhar. Poesia que segue bonita como brincadeira, e às vezes se cansa de tanta fumaça. As palavras dão as mãos e vão juntas, e são minhas porque eu as escrevo. Mas só minhas, porque poucos as guardam.
O mundo é meu, e é demais, e os que participaram da minha divisão não o suportam. Eu muito menos, mas nada posso fazer, porque é meu. Meu e dos outros, mas poucos o sabem.
Esse pedaço de terra que eu tenho se chama mundo. E no final de tudo, depois das divisões, das brigas pela maior parte, das lágrimas de quem nada conseguiu, depois de tudo isso, deixo o mundo de lado e volto pra mim, para a doce cantiga de ninar que meu violão, inerte e indiferente, canta ao mundo para que ele vá dormir.
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