terça-feira, 4 de outubro de 2011

A lista

"Faça uma lista de grandes amigos,
quem você mais via há dez anos atrás…
Quantos você ainda vê todo dia ?
Quantos você já não encontra mais?
Faça uma lista dos sonhos que tinha…
Quantos você desistiu de sonhar?
Quantos amores jurados pra sempre…
Quantos você conseguiu preservar?
Onde você ainda se reconhece,
na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora…
Quantos mistérios que você sondava,
quantos você conseguiu entender?
Quantos defeitos sanados com o tempo,
era o melhor que havia em você?
Quantas mentiras você condenava,
quantas você teve que cometer ?
Quantas canções que você não cantava,
hoje assobia pra sobreviver …
Quantos segredos que você guardava,
hoje são bobos ninguém quer saber …
Quantas pessoas que você amava,
hoje acredita e amam você?"
Oswaldo Montenegro

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Home is where the heart is...

Os seres vivos nascem, crescem, se reproduzem e morrem. Crescer significa aprender a exigir o essencial e entregar o mínimo possível. Duro? Se chama vida.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Nada meu

Esse pedaço de terra que eu tenho se chama mundo. Se fosse só meu seria poesia. Sem rimas, versos brancos, livres, porque as palavras são donas de si, e elas gostam de brincar de roda. Mas eu divido o mundo. Tenho dividido com as crianças brincando de bola nos dois metros quadrados de varanda das casas padronizadas de interior, com as chaminés de ricos quietos que rasgam o mato como espinha no nariz depois da Páscoa. Divido com as estradas entre as montanhas e a moça grávida do quinto filho carregando roupa lavada na cabeça. E com as cabeças de gado que esperam enfeitar a mesa do homem da cidade, e as plantações repetidas por quilômetros. Tudo meu.
Divido com as propagandas políticas nas casas pobres, com a moto barulhenta pela estrada de barro. Divido com a pipa presa no fio de telefone, com a inchada capinando o chão, a cruz no acostamento. Tudo, tudo isso é meu. E ainda divido com o açude pouco cheio, e os gatos garimpando arroz que cai dos pratos. Com a inveja dos doutores, a humildade das casas de barro, a alegria do trigo quando esbarra no vento. Tudo é meu. É meu e é poesia, mas poesia rimada.
Poesia que para quando ordenam, mas que atropela povoados inteiros de necessidade fingindo não olhar. Poesia que segue bonita como brincadeira, e às vezes se cansa de tanta fumaça. As palavras dão as mãos e vão juntas, e são minhas porque eu as escrevo. Mas só minhas, porque poucos as guardam.
O mundo é meu, e é demais, e os que participaram da minha divisão não o suportam. Eu muito menos, mas nada posso fazer, porque é meu. Meu e dos outros, mas poucos o sabem.
Esse pedaço de terra que eu tenho se chama mundo. E no final de tudo, depois das divisões, das brigas pela maior parte, das lágrimas de quem nada conseguiu, depois de tudo isso, deixo o mundo de lado e volto pra mim, para a doce cantiga de ninar que meu violão, inerte e indiferente, canta ao mundo para que ele vá dormir.

domingo, 28 de agosto de 2011

Sem controle

Comecemos pelo óbvio:É imediatamente após perder algo que o ser humano se dá conta do quanto realmente se importava com o perdido. Ao mesmo tempo, ele tem a capacidade de não sentir a mínima falta do que nunca experimentou, até ter um pequeno contato com aquilo. O homem não suporta a sensação da perda, porque é como se algo dentro dele o avisasse que ele está regredindo. E isso se aplica a qualquer coisa: relacionamentos, competições, sentidos.
Lá estava eu, sem conseguir abrir os olhos por apenas algumas horas e me desesperei. Não só porque enxergar é uma das coisas que mais gosto de fazer na vida, mas também porque tudo o que eu sou veio do que já vi até hoje, das coisas que eu parei para observar. É o que eu faço, não é? Sou observadora de nascença; aprendi - parafraseando Monteiro Lobato - a álgebra psicológica desde muito cedo, e isso é algo forte o suficiente pra sentir-se nas veias. Esses dias meus olhos me enganaram, e eu me sentia o Batman sem o cinto de utilidades.
E me pergunte com que egoísmo terrível eu me lamento por um simples problema de visão, que eu conto um pequeno segredo: a 19ª linha da página 138 me fez chorar, hoje mesmo. Era mais ou menos como se eu finalmente pudesse entender, claro que a ínfima parte, da dor que o meu Ray sentiu. Porque ele mesmo já tinha visto tanta coisa que sua mente já tornara-se um livro de fotografias de um paraíso particular. E ele precisava rever as fotografias todos os dias.
Parei pra pensar e percebi que a macabra arte de controlar gente - ao se criar personagens todos seus - não é de todo controlável. Se eu não tivesse construído uma relação mental com meus personagens percebi que eles teriam mais momentos ruins. Mas são apenas pobres crianças, filhos de um movimento literário cruel quando magnífico, e nada podem fazer quanto a isso. Eu, que não me isento de piedade, deixei-os controlar-me. Por isso choro quando não os vejo felizes. Sim, sim, hoje eu me sinto maternal e superprotetora, e é nesse caso que peço para perdoarem-me os clichés, sabem que não acontecem sempre.
Então criaças, se em algum lugar do meu subconsciente vocês podem me ouvir, lá vai: deixem a mamãe trabalhar em paz!

domingo, 14 de agosto de 2011

Cantemos

Eles disseram para olhar para trás e ter certeza de que se deixou o que devia ter deixado. Nós fomos em frente e jogamos coisas pelo caminho, e sentiremos falta de memórias que se foram junto. Então ficamos e desejamos ter tido coragem de voltar uma vez pra se levar só mais uma fotografia, porque havia espaço na mala.
Mudamos de rumo, esquecemos as instruções do GPS e finalmente parecia que chegaríamos a algum lugar. Mas o lugar era vazio, você dirigia com um sorriso no rosto enquanto o sol te cegava. E você estava mesmo cego, eu podia notar. Fizemos nosso piquenique ali e eu fiz pose para as fotos que ninguém nunca tirou.
Estávamos tão cansados. Eles disseram que havia lugar na hospedaria. Devíamos tê-los ignorado; desde quando eles nos dão bons conselhos? Eles deixaram os bons para serem vendidos, e eu não tinha nenhum dinheiro para pagar por eles. Você gastou o seu com jogos de video-game com que pudesse conversar quando eu não tivesse mais paciência.
A distância fica maior, e quando voltamos para casa estamos na casa errada. Será que gostaríamos de estar aqui um pelo outro? Preferimos o silêncio; é muito menos dramático e complicado. Eu prefiro o silêncio.
Senti cheiro das ruas de Madri, mas era só você fumando do outro lado da sala.
Eles nos mandaram olhar para trás e eu vi que tinha deixado você.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Quando se precisa de perguntas

Conversas vãs, horas gastadas à toa. Sente-se e pergunte-se o que vem a seguir. Acréscimos, sorrisos falsos. Já não cansa mais esquecer-se todos os dias? A vida está mais mecânica, criaram dias disso e daquilo; ninguém realmente sabe por que comemoram. Comemorar sim a vida, porque perdê-la é simplesmente não poder esperar por mais nada. May, diga-me como é o outro lado.
Tenho feito careta para os clichés, outros tem feito comigo porque fingem. Ou porque os abominam também, quem pode julgá-los? Aquelas palavras que disse, as vezes que ri de qualquer besteira que escutei. Meu Deus, parar de rir para que ninguém revire os olhos e me julgue infantil? Agradá-los a que ponto? Mas sou eu quem preciso deles. May, conte-me se a sua seriedade tem sido útil.
Perder amigos porque eles cansaram de parar e de pensar no que tenho escrito. Sinto meu corpo fadigado de febre e mesmo assim procuro incansável pela fórmula secreta contra a preguiça. Digo ainda que as palavras são todas erradas, porque teimam em escorregar de meus pensamentos e caírem ao chão como cai fruta madura do pé. May, ajude-me a colher as palavras na hora certa, a controlá-las.
Não, não é fácil. Mas também não é desesperador. É sólido, consistente, então é algo em que se pode medir o futuro. O tempo, é claro.
E nesse vai e vem de insegurança e peito erguido, me pergunto se a frescura já me atingiu tão forte assim ou são só desculpas. Cansei, de verdade, de esperar que entre mim e tal ser as coisas voltem a ser aquele drama simples e a praticidade complicada dos velhos tempos. Tudo bem que crescemos, mas, como uma planta, quando ela cresce demais precisa ser podada. Como a torre de Babel, que confundia os homens quanto mais alta ficava. May, conte para mim como é não saber o que sentir e saber que não há saída. Conte-me e eu peço perdão por tê-la destinado a morte.

sábado, 23 de julho de 2011

Take a look around

Hoje me disseram para tomar cuidado com meu enorme coração, porque ele é enorme para guardar amor, mas enorme para guardar mágoas também. De alguma forma, tudo cabe dentro dele. Ao mesmo tempo, me disseram para ser menos desconfiada do mundo, para deixar-me viver uma loucura no presente e só me arrepender se for realmente preciso, e só depois que acabar, para que eu pare de medir todas as consequências das minhas ações sem antes tê-las feito. Me disseram que o arrependimento pelo que se fez é melhor do que o pelo que não se fez. Não sei se concordo. E você?
"É melhor amar e perder, do que nunca ter amado"? Não sei se a May diria isso. De mim ela herdou o grande coração e a desconfiança no mundo. Talvez ela, que tem a eternidade pela frente, possa se arriscar e deixar-se viver uma loucura, mas uma vez tomando essa decisão, é pela eternidade que as consequências irão durar. Se você tivesse a eternidade pela frente, o que você faria?

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Therapy

Gostaria de ter coragem. Gostaria de poder dizer tudo o que penso, porque penso demais, e metade se perde. Gostaria de ser mais ouvida. Tudo bem, mais lida. Vivo num mundo onde não se lê uma história comprida por preguiça. A individualidade nos rege, "eu mesmo" ganha o outro, dividir é coisa do passado. Envergonhar-se, pedir desculpas, reconhecer que machucou quem se importa com você. "És eternamente responsável por aquilo que cativas".Não importa, queria, sinceramente, dizer que tenho chorado de pura aflição, que estou insegura, que preciso só te ouvir respirar do outro lado do telefone. Queria contar meus problemas, mas eles são todos com você. Só porque eu sou eu, só porque sou dramática e preocupada ao extremo, mas cada um é diferente e viva! por isso. Nos resta aprender a aceitar esse fato.
Não mude com alguém só porque você conheceu gente nova, não tente fazer com que todos os seus amigos tenham o mesmo nível de conhecimento, não se julgue melhor do que ninguém. Eu, que estou aqui jogando sermões para todos os lados, eu tento desesperadamente usar de minha hipocrisia para aprender a não tê-la mais. O impossível deve ser a chave para a motivação.
Chorar para alguém mais ver se torna cada dia mais difícil para o mundo. Enquanto devíamos parar e esperar lágrimas contidas escorrendo pelo rosto do vizinho, não por maldade, mas para conseguir amparar quem chora, porque quem chora tem um motivo que precisa expor.
Tomo coragem, devagar e sempre, de falar o que preciso.

PS: Essa versão já passa da minha cota de melancolia, mas a música é linda. Enjoy it!

domingo, 3 de julho de 2011

O fim

Tateei a cama à procura dele; o sono não me deixava abrir os olhos e eu quase não podia me mexer. Meus dedos encontraram o travesseiro ao meu lado e ele estava vazio. Isso já não estava ficando cansativo demais? Desgastava a nós dois, o pouco que compartilhávamos estava a dissipar-se.
Deixei que isso corresse por tanto tempo que agora eu achava que não conseguiria ver acabar. Pensei que ele aprenderia a me amar aos poucos, mas nunca percebi que era esse pensamento idiota que me arruinaria. Alguém como ele nunca seria capaz de amar um ser tão egoísta quanto eu. Devia mesmo tê-lo deixado ir, mas nós dois sabíamos que eu não era forte a esse ponto, sabíamos que eu necessitava dele.
– Ei, dorminhoca, bom dia. – O senti tocar meu ombro e me virei vergonhosamente pra encará-lo. Por que ele sorria quando estava tão infeliz por dentro?
– Não sorria pra mim desse jeito – Minha mão se ergueu para lhe cobrir a boca. É, ele era mesmo bonito, e isso definitivamente não podia ser uma desculpa para tê-lo por perto. Queria poder parar de amá-lo dessa forma tão intensa, queria não sentir calafrios quando ele olhava pra mim.
– Boba. – Ele disse, tomando minha mão para beijar – Já tomou seu remédio hoje? – com um rápido movimento, pegou da gaveta do criado-mudo a minha caixa de comprimidos e me entregou o de hoje. Um copo cheio d’água já estava posicionado em cima do mesmo móvel e eu não demorei a terminar o meu ritual diário. – Não ganho um beijinho?
Neguei – Nem escovei os dentes ainda, Jake.
– Não faz mal.
Recebi um beijo delicado nos lábios, a sensação me matando por dentro. Não conseguia ignorar esse sentimento. Sedenta, lancei meus braços em seu pescoço e o puxei para mais perto. Meus lábios clamavam pelos dele; eu o beijei forte, mas ele não sabia mais fingir tão bem. Sei que também não o fazia sofrer, mas definitivamente não o fazia feliz. Queria saber se eu gostava mais dele ou de mim; só uma das respostas me faria libertá-lo do peso que eu era, só uma das respostas o faria feliz, mas eu ainda não estava pronta para escolhê-la.
– Desculpe – disse; Jake franziu a testa.
– Pelo quê?
– Pelo beijo. Acabei esquecendo que devo estar com hálito de ogro. – Sorri levemente, fingindo que era esse mesmo o motivo do perdão.
Sentei na cama, me espreguicei , penteei os cabelos com os dedos pra lhe controlar o volume, e durante tudo isso Jake não deixou de me encarar. Sorria no início, mas relaxara sem notar e agora parecia sem expressão alguma. Não, ele não pensava no porquê de ter se casado com essa mulher fraca e sem graça, porque eu o conhecia pra saber que – apesar de ser a atitude plausível – ele não pensava nisso. Ele tinha essa enorme fortaleza ao seu redor que lhe fazia guardar todas as dores e arrependimentos longe do seu exterior. O que ele externava eram as preocupações do trabalho, as contas altas de todo mês, a quantidade de remédio que eu precisava tomar.
Levantei andando até o banheiro – Volta pra o almoço hoje?
– Não vou sair para precisar voltar.
– O quê? - Parei – E o trabalho?
Jake parou também e veio até a porta. Nem sequer estendeu a mão pra me tocar, mesmo que eu estivesse usando uma das minhas camisolas favoritas. Será que agora eu era feia pra ele também?
– Tirei o dia todo de folga – Ele disse, me jogando aquele sorriso que eu já não sabia se amava ou se tinha nojo. Talvez os dois, se fosse possível.
– Por quê? Você deve ter milhares de pacientes para cuidar.
– Pois é. Estou cuidando da mais especial de todos eles.
Uma frase assim sem estar acompanhada ao menos de um beijinho na testa? Por que ele cansara de fingir? Eu não era assim tão idiota para não perceber. Concordei com a cabeça e fechei a porta do banheiro na cara dele, e logo me arrependi: ele poderia estar querendo reavivar – se é que um dia já foi viva – a chama entre nós. Afinal de contas ele era um rapaz tímido e talvez estivesse com vergonha de me tocar quando planejava um dia de intimidade mental entre nós. É, talvez fosse isso.
Tomei um bom banho, coloquei o meu melhor perfume, roupa limpa, recém lavada. O cheiro de café da manhã estava no ar, cheiro das panquecas maravilhosas que ele sabia fazer. Entrei na cozinha me atrevendo a pôr um sorriso no rosto.
Jake olhou pra mim – Nossa, você parece bem.
– Eu estou. Acordei com umas idéias na cabeça, mas elas já foram embora. Como você está, meu amor? – Perguntei e fui até a geladeira pegar um iogurte desnatado pra mim enquanto ele me respondia. Iogurte com mel, escolhi; e logo depois disso fechei a geladeira. Ali, bem na minha frente, estava o pequeno calendário de papel onde uma anotação em caneta vermelha estava feita no dia de hoje com minha própria letra. “Aniversário de morte do papai.”
Falei outra vez – Jake, você sabe que dia é hoje?
Ele virou-se para mim. Com um movimento rápido desligou o fogão e veio me puxar para seu peito – Sei, eu sei, sim. Você tem certeza que está bem?
– Foi por isso que ficou em casa? – Sibilei – Tava com medo que eu...
– Eu não podia te deixar sozinha hoje. Olhe só, Laura, podemos sair pra nos divertir aonde você quiser; podemos fazer um piquenique. Que tal? Faço tudo pra não te deixar triste.
Oh, ele estava tão errado! Ele pensava que podia me proteger de todas as grandes decepções da vida, achava que assim eu não correria o risco de ter um ataque do coração, porque ele se culparia se algo me acontecesse sem que ele pudesse evitar. Mas ele não percebia que eram as pequenas coisas que estavam me matando. Isso tudo estava desgastando meu coração.
Desde o início eu notei nele a necessidade de melhorar o mundo, desde que eu entrei pela porta do seu consultório percebi que era ele que faria de tudo para não me deixar morrer com meu problema cardíaco. Tão gentil como era eu não pude resistir, e de paciente e médico viramos amigos. Alguns encontros casuais, algumas trocas de telefonemas inocentes; acabamos por trocar uns beijinhos numa certa noite. Mas ele percebeu que eu já havia me apaixonado por ele e tentou me avisar na consulta que marquei para apenas alguns dias depois. Então foi ali, ali mesmo, na frente dele, que meu coração disparou e as coisas saíram do controle. Quando acordei, ele estava ao meu lado, me pedindo desculpas e prometendo que nunca mais me deixaria.
Eu vi a garota da casa ao lado chorar quando me mudei pra cá depois de casar com ele. Eles já tinham sido namorados, compartilhavam um amor que vinha da infância; eu, no meu egoísmo, fui capaz de colocar um fim nesse amor. Para quê? Nós éramos três infelizes agora.
– Jake? Eu quero que você se arrume agora e vá ao trabalho. Você não pode me mimar desse jeito, eu não sou tão criança assim. Vá embora.
– Não, Laura; vou ficar.
Respirei fundo, tentei voltar a mim. Ele que fizesse o que queria fazer; eu não podia ligar para isso. No ponto em que estávamos já devia ter me acostumado com tal comportamento ridículo, mesmo que doesse. O empurrei para longe de mim e corri para o lado de fora; o verde claro na grama refletindo a luz do sol. Parei, só precisava de ar.
– Bom dia, Laura.
Virei-me pra ver e achei nossa vizinha. Linda, loira, solteira; cuidava das flores – Bom... – Não consegui terminar a frase, ao invés disso chorei. Foi quando senti braços ao meu redor, uma voz grossa e calma me sussurrando que estava tudo bem. Não, não estava; e enquanto ele me levava de volta para dentro eu encarei a mulher do outro lado da cerca.
Jake me fez sentar à mesa da cozinha, secou meu rosto com os polegares e me trouxe o prato de panquecas, me trouxe sucos e biscoitos, sentou perto de mim para me encarar com um sorriso.
O olhei – Por que você não diz logo?
– Ham?
– Não diz de uma vez que se casou comigo por pena.
– Mas...
– E ainda consegue mentir – Espetei a panqueca com um garfo – Consegue ser frio, insensível.
– Insensível? Como pode me acusar disso? Faço tudo por você!
– Menos ser sincero. Era só o que eu queria.
Vi então a ira tomar conta do Jake. Seus olhos cresceram e seu rosto mudou de cor em segundos, mas ele percebeu que me encolhi para receber o grito que brotava em seu peito e logo se controlou, limpou os olhos com o nó dos dedos, pediu desculpas. Paramos os dois; mordiscamos o café da manhã. Uma parte de mim estava esperando que ele tomasse coragem para admitir, mas ele não falou mais nada; não negou minha acusação também. Se ele soubesse que naquele momento o meu coração tinha começado a doer ele com certeza estaria tomando todas as providências para me fazer melhorar. Sem querer deixar que ele soubesse, deixei a cozinha e subi para ir pro nosso quarto.
– Laura, espere. – Jake pediu, me seguindo. Apressei o passo para subir as escadas, mas ele me alcançou quando cheguei ao topo dela. – Desculpe, não quis gritar com você.
– É claro que você queria! Quer gritar comigo há três anos! Deixou que isso fosse longe demais e olha onde estamos agora! Eu não ia morrer se você não estivesse ao meu lado naquela época, não teria ficado tão dependente de você se tivesse me contado que não me amava desde o início. A culpa é toda sua!
Jake balançava a cabeça, até parecia chorar junto à mim. – Para de dizer bobagem!
– Bobagem? Se o que eu disser é mentira então olha nos meus olhos e diz que ama. Diga!
Meu peito reclamou quando eu o vi olhar para o chão. Nós dois sabíamos que ele não podia mais esconder a verdade. Mas ao mesmo tempo em que o queria ouvir dizer as três palavras, mesmo que fosse mentira, eu queria que ele acabasse com isso de uma vez.
– Laura, eu me preocupo com você, estou do seu lado porque quero poder te proteger. Será que isso não basta?
– Não.
Sem pensar, fechei os olhos e o empurrei para longe de mim. Sem ser nada mais do que egoísta eu só quis saber de me ver livre dos braços que me prendiam, o quanto antes. Mas meus olhos se abriram quando um grito de dor que não saiu dos meus lábios interrompeu o momento; ficaram ainda mais abertos quando o grito cessou, quando o corpo dele alcançou o andar de baixo depois de ter rolado pelas escadas.
Foi quando eu pude ver que sem ele eu realmente não podia aguentar, foi quando eu percebi que ele estava certo e eu devia ter me contentado com sua preocupação, devia ter aceitado o fato de que nada melhor podia ser oferecido para uma mulher tão egoísta, mimada. Mas essas coisas não iam importar mais, meu coração estava declarando guerra à minha estupidez e agora eu só tinha que esperar.
Queria poder chorar sobre o corpo do homem que amei, mas eu estava chorando apenas pela dor que eu sentia me tomar, o que não deixava de ser culpa dele. É, a culpa era toda dele e seria meu nome a aparecer nos jornais amanhã; ninguém acreditaria que alguém tão bondoso como ele teria feito algo para me aborrecer.
Importava? Não. O observando ali, morto, imóvel; abominando minhas próprias mãos que lhe tiraram a vida; daquele jeito, eu só esperei pelo fim.

J.A.Nobel

sábado, 18 de junho de 2011

Vida de estudante

Vivemos em uma conspiração. Desde que eu descobri que não somos o espermatozóide vencedor eu ando meio desconfiada - ainda mais do que o normal - das coisas. O quê? Você não sabia? Pois é, somos provavelmente o quarto ou quinto espermatozóide a chegar ao óvulo. Os primeiros morreram tentando entrar, abrindo caminho para nós. Explicada a origem da minha preguiça. A culpa não foi minha.Descobri que os elétrons não são aquelas bolinhas que a professora "Mariquinha" desenhava orbitando ao redor de outra bolinha. Não que eu realmente me importasse, mas depois que descobri que eles são as próprias órbitas, que são ondas, eu passei a duvidar da credibilidade das pessoas que me ensinam coisas. Somos professores de nós mesmos, e sabemos o quanto falhamos.
Descobri que D. Pedro I declarou a independência não por simpatia à nação, mas por medo. Medo de que perdesse tudo de uma vez sem direito a sequer uma lembrança. Quantas vezes hesitamos, recuamos um passo do caminho e cedemos por puro medo? Quantas vezes baixamos o nosso orgulho ao chão com medo de perder aquele alguém que não sabe pedir desculpas? Eu, que tenho medo de ir muito longe e não saber o caminho de volta quando escurecer.
Descobri que Getúlio Vargas não cometeu suicídio, mas que "o suicidaram" aos poucos. Convivemos com a morte todo dia sem perceber. A morte da educação, da gentileza, da paciência. As flores morrem, os mares morrem, o ar que respiramos morre todo dia um pouco mais. O pior? Nós, nossos amigos, o mundo, todos nós morremos paulatinamente com tudo isso. Nos matam.
Descobri que as notas musicais são funções logarítmicas. Lembra-se? Log6=quem-liga. Pois é, temos que perceber que as coisas mais bonitas nem sempre são simples. Talvez seja exatamente o contrário. Posso filosofar o dia todo sobre isso, mas não preciso de nada mais que comparações. As coloridas borboletas saindo dos casulos, aquele gatinho complicado da escola, o cabelo de mulher em dia de festa. Às vezes fazemos coisas boas a vida toda, e um erro que cometemos nos leva ao chão. Qual a primeira coisa que sua mãe repara no seu boletim, a nota baixa em física? Se ela olhasse pra cima veria um dez em literatura.
Descobri que as pinturas de Van Gogh só fizeram fama depois de sua morte. Quantos outros, não é, a história é cheia de casos assim. Inspiração, criatividade e uma pitada de amor formam uma receita deliciosa, mas se hoje trocaram o sabor das frutas naturais por flavorizantes, conseguiram também industrializar o sucesso. Quem pode pagar? A resposta está na tela da TV.
Vivemos em uma conspiração. Sabendo de tudo o que sabemos, sentamos no sofá e deixamos que nos digam o que fazer. A culpa não foi minha.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Mentalmente

Eu que digo que a tecnologia é cruel comigo e que dela eu não sou íntima, estou descobrindo o preço de ficar sem computador por essas semanas. Estou na escola - deplorável meio -, só porque estou desesperada para postar alguma coisa. Já espero as cobranças no meu email, vocês são menos pacientes do que eu, não é?
Como não posso respondê-los eu deixo aqui pelo menos um assunto prévio que preciso agradecer com todo o coração com um email comprido. Recebi de presente toda a coleção dos livros A mediadora, e, sim, eu vou lê-los assim que achar uma folga na minha super apertada agenda. Também preciso consolar quem não ganhou a promoção, mas a vinda de outra só depende da ajuda de vocês, então podem começar com a pressão psicológica que eu sempre acabo cedendo.
Tenho tanto pra falar que é exatamente por isso que não consigo pensar numa coisa só pra escrever aqui. A vida me é uma professora rígida e meticulosa. Está sempre me cobrando uma lição nova, e eu, pobre pupila indefesa tenho que me desdobrar para seguir seus planos.
Às vezes, tenho que dizer, penso como eu reagiria à notícia que Ryan recebe da May no capítulo 3. Ninguém está condicionado a surpresas que ultrapassam a pequena concepção de mundo que temos, e aprender sobre a morte com alguém que já morreu passa disso. DMN veio das muitas reflexões que tenho sobre a mente das pessoas. A mente, isso mesmo, porque é ela que vai reagir a todas as notícias inesperadas que recebemos. Sinto muito, Ryan, por brincar com sua mente, mas ela não é apenas sua, ela é de qualquer um que conhecemos.
Eu não gosto de criar expectativas, não gosto de me deixar imaginar sobre o que alguém pensa, mas é só por pura somatória dos eventos que vivi, por conformação, porque não há no mundo uma pessoa que não gostaria de entrar na mente de alguém e saber como ela funciona. Controlá-la suavemente, persuadi-la, moldá-la. Doce delírio a consumir-me.
Se eu pudesse controlar a mente de alguém, seria a sua...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

RESULTADO DA PROMOÇÃO!

Bom, vamos lá. Primeiro eu quero agradecer de verdade a todo mundo que participou, eu amei mesmo o carinho e as respostas. Agradeço aos jurados da promoção, minha banca, meus amigos, o esforço valeu a pena, não é? Sinto muito a quem não participou, agora só na próxima!
Nós tínhamos inicialmente ficado em dúvida entre três respostas, mas na última semana eliminamos uma e ficamos namorando com as outras duas esses dias. Foi bastante difícil, mas a resposta vencedora foi escolhida porque me fez lembrar de como eu mesma era há anos atrás. Acho que agora sou bem menos desse jeito; aprendi a depender mais de mim mesma. Pra provar que não era nada difícil ter uma chance, as palavras da ganhadora são simples e claras. Gostei do seu objetivismo. A ganhadora é a Mariana Luz, de Dracena, São Paulo. O livro chega na sua casa em poucos dias. Ah, Mari, aproveita que tá ganhando o livro pra acompanhar o blog. Quero ver seus comentários aqui, ham? Sem mais rodeios, aqui vai a resposta:
"Se você pudesse controlar a mente de alguém, quem seria e por quê?"
"Se eu pudesse controlar a mente de alguém, eu gostaria de controlar a minha própria mente porque eu sou muito dependente das pessoas que eu conheço, e ser assim me deixa também dependente dos sentimentos deles. Como não dá pra controlar todos eles, então é melhor me controlar para ser menos desse jeito. Devo ser a origem do problema."
Sendo a sincera de sempre, eu digo que sua resposta só me chamou atenção por essa última frase, e se me permite, eu vou me meter um pouquinho aqui e deixar minha opinião sobre ela. Realmente somos os maiores causadores dos nossos próprios problemas, mas é conosco que vamos estar a vida toda, certo? Temos que confiar mais em nós mesmos. Eu que o diga. Depender dos outros não é feio, nem errado, mas só dependa deles se você conseguir depender de você mesma primeiro. Digo isso com nenhuma altoridade, porque sou meio desconfiada de mim, então sinta-se à vontade pra discordar, me chamar de metida (pior que eu sou), ou de qualquer coisa pior (por favor, não!), mas aproveite o que eu te disse pra refletir durante a leitura do livro. Caramba, espero que se divirta muito com DMN, e que cuide do meu filhinho com amor, tá? Sinto muito por qualquer coisa, eu juro que é a hora. Meu email você conhece, estou sempre por aqui. Beijocas de coração.
J. A. Nobel.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Partes por milhão.

Tédio. Fúria. Compaixão. Cuidado. Dentro, fora, escola, estudo, lágrimas. A vida nos reserva o que pedimos, cada ser encontra no caminho as pedras que pode retirar. Mas poucos sabem disso. Noite, sono, cansaço. Ou desistência? Depende do dia que temos, dos rostos que encontramos, das frases que ouvimos.
Tempo. Morte. Amor. Cura. Se temos o que controlar na vida são as pessoas nas quais escolhemos pensar. Dor. Perda. SAUDADE. As pequenas coisas que nos sacodem, sucumbem, estremecem, são todas para construírem mais de nós, testarem nossa humanidade, nossa fé. E o mundo precisa de fé, porque somos pequenos, confusos, falhos, inseguros.
Amizade, irmãos, carrascos, pensamentos. Você pensa em mim? Pensa em mim na mesma intensidade que tento te fazer ouvir minhas palavras? As pessoas que não conhecemos são as que mais nos conhecem, se é que me entendem. Porque cá estou eu, escrevendo para o amigo desconhecido que você é, enquanto os que me conhecem julgam me conhecer demais. Sorrisos, olhares, gestos. Hoje falei com inimigos.
Rotas, lugares, dias que vão e voltam. O dia de hoje é sonolento e moroso. Feliz, não nego. Tenho tentado esquecer-me de muitas coisas que andavam me perturbando. Lembro infinitamente da May. Ninguém se esquece de nada, apenas troca o pensamento por coisas de maior valor. Coitada da May, lutar contra as prioridades é duro. Ser uma prioridade é mais duro ainda.
Dúvidas. Mantê-las é sinal de fraqueza ou de falta de quem as tire? Carinho. Demonstrá-lo só quando alguém lho tem de volta? Paciência. E cá vamos nós outra vez...

sábado, 21 de maio de 2011

A rosa do povo

NOSSO TEMPO
Carlos Drummond de Andrade
Este é tempo de partido,
tempo de homens partidos.

Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se
na pedra.

Visito os fatos, não te encontro.
Onde te ocultas, precária síntese,
penhor de meu sono, luz
dormindo acesa na varanda?
Miúdas certezas de empréstimo, nenhum beijo
sobe ao ombro para contar-me
a cidade dos homens completos.

Calo-me, espero, decifro.
As coisas talvez melhorem.
São tão fortes as coisas!

Mas eu não sou as coisas e me revolto.
Tenho palavras em mim buscando canal,
são roucas e duras,
irritadas, enérgicas,
comprimidas há tanto tempo,
perderam o sentido, apenas querem explodir.
[...]

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A ordem natural do caos

Até que ponto um ser humano é condicionado a esperar? Esperar por ser notado, por ser atendido, por ser levado a sério? O problema é que esperamos demais. Qual o ponto que separa perseverança de desperdício de tempo? Linha ténue como a do amor e do ódio, talvez, e até tão difícil de idetificar quanto, mas as proporções são diferentes.
Perseverança chega ao ponto de cansar. Ou seria o desperdício que faz isso? De qualquer forma o amor e o ódio são compartilhados por duas pessoas. Perseverança é um ato solitário e corajoso. Lembro-me de uma boa conversa entre May e Ryan no início do capítulo 18, quando ela o pergunta sobre por que as outras garotas não deveriam mais lutar por ele se ele mesmo lutava demais pela própria May. Ryan costumava se sentir sozinho no processo. Sozinho e desiludido. Com ele acontece que ele não desistiu.
Quantas vezes desistimos, deixamos a chance passar? Eu mesma já perdi chances com DMN, meu filho querido que tanto amo e que tanto tenho medo de errar com ele. Quem conhece e acompanha minha história talvez nem saiba de tudo que eu deixei escorregar com desculpas preguiçosas, ou quem sabe covardes. Palavra forte, uhh.
O engraçado sobre Ryan é que ele tentava tanto que não resistia a experimentar qual seria o gosto da desistência. Se não fosse uma decisão arriscada seria muito inteligente. Se a vida não estivesse testando os nossos limites, experimentar a desistência seria sensato.
O fato é que alguém sempre está esperando que você desista, alguém está torcendo pra que você tente um pouco mais por falta de coragem de fazer o mesmo, alguém está esperando pra te usar como exemplo, alguém está desapontado em te ver jogar fora o que ele mesmo nunca conseguiria fazer. Tentar, perseverar, vencer. Essa é a ordem certa?

terça-feira, 26 de abril de 2011

O ser do ser e o estar da alma

Título inspirado, não? Como foram de Páscoa? Eu fui bem, obrigada. Mas vamos ao ponto.
Qual a diferença entre ser e estar? Muita. Tanta que em algumas línguas se usa a mesma palavra para as duas coisas. E não pense que eu estou brincando, a diferença é tanta que criar mais de uma palavra deixaria isso evidente demais! Quando o ser humano descobre que algo vai além de sua compreensão ele dedica a vida a tentar compreendê-lo.
Esse ser humano não sou eu. Ou talvez seja, já que estou aqui escrevendo sobre isso. Ser ou estar, eis a questão. Estava só pensando sobre isso essa semana. Tem chovido muito por aqui e um dos meus prazeres particulares é pegar o violão pra compor em dia de chuva. Me atrapalhei com as palavras, não sabia se eu era ou estava, se sou ou se estou, se vou ou se fico.
Fico, sem dúvida. Meu caminho começa aqui e termina no mesmo lugar. Não é preguiça, peço que entendam meu ponto de vista. É que o mais difícil é crescer sem procurar rotas de fuga, é se manter firme num só caminho, e eu não sei se sou ou se estou firme. Mas num caminho só eu estou.
Acho que o que tenho a dizer por hoje é pouco assim mesmo. Por hoje é, amanhã pode não ser, amanhã pode estar tudo diferente. Fica pra vocês um último desenho meu que saiu horrível no scanner - me desculpem mesmo pela estranheza, garanto que ao vivo tá mais gracinha - , mas que eu gostei muito. Fica pra vocês alguém que sabemos que é o que é porque cada dia é algo novo. Beijos e não esqueçam de participar da promoção!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

PRORROGADA!

Gente, eu já entendi e estou aqui "mostrando compaixão", como me pediram! Pela quantidade de email pedindo pra dar mais um tempo de pensar na resposta - que é maior do que a quantidade de respostas que recebi - eu vim aqui para prorrogar a promoção por mais um tempinho. Até o fim de maio dá pra todo mundo?
Desculpem-me aqueles que já enviaram, inclusive se vocês quiserem se unir pra brigar com os retardatários eu dou o email deles. HAHA, BRINCADEIRA. Sinto muito mesmo! Eu também to morrendo de vontade de publicar logo umas respostas que achei a coisa mais linda desse mundo e não posso, olha só!
Enfim, gente, pra quem ainda tá penando com a resposta e quer muito o livro não tem segredo: sejam originais e fieis a vocês mesmo. É claro que não dá pra escrever qualquer pieguisse pra tentar me comover, a coisa é séria e eu sou mais. HÁ!
Boa noite!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Pespectiva

Pra começar eu peço desculpas pela demora. Semana de prova; resume tudo. Mentira, não é só isso, é que o blog é meu lugar de desabafo, e - pode até parecer paradoxal - quando eu mais preciso desabafar é quando mais fujo daqui. Não sei, são os olhos da May que são muito inquisidores.
Sinto saudade de alguém nesse momento. O que eu tenho a ver com isso?, você deve estar se perguntando, mas eu sei que muita gente concorda que saudade é um dos sentimentos mais dolorosos que existem - a única pessoa que conhece um sentimento pior é o Ryan. A parte machadiana em mim está em negação, todavia eu sei que o que tá me tirando a concentração das coisas que eu faço é essa droga de sentimento.
Não sei se mais saudade eu mais preocupação. Já sentiu como se tivesse que tomar conta de alguém que se julga alto-suficiente? É terrível, acredite, porque me sinto uma boba desperdiçando meu tempo com quem não quer ser cuidado.
Essa é uma das amizades mais estranhas que já me meti. Aprendi muito com o gênio dessa criatura; aprendi a respeitar os diferentes jeitos de sentir. É mais ou menos como se eu tivesse aprendido de uma coisa que não concordo nem um pouco, como se eu tivesse absorvido pensamentos que jamais terei, como se eu tivesse aprendido - como o próprio Deus, se sou digna da comparação - a amar o pecador e abominar o pecado.
No começo eu não sabia o que sentir, se estava feliz ou triste, se estava aliviada ou carente, mas adiar a partida me fez acordar e derramar algumas lágrimas; muitas lágrimas. Escrevi algo sobre isso em um dos meus cadernos; agora passou, eu não estou igual àquele dia. Se estou melhor? Dificilmente. Estou contente, enfim, porque percebi que deixar tudo passar não adiantaria nada. Conteúdo de minhas preces porque eu não posso desistir, não consigo. Vou ignorar os meus próprios medos e confiar no que tenho me condicionado a sentir em relação às pessoas. Não me importo com algumas mágoas.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

DESAFIO OFICIAL DO AMOR IMORTAL


A Giza do blog http://amorimortall.blogspot.com/ me marcou no desafio e eu vim aqui cumprí-lo. Me diverti muito respondendo as perguntinhas, então espero que achem o mesmo.

REGRINHAS:
LEVAR O BANNER DO DESAFIO.
LINKAR QUEM TE MARCOU
MARCAR 5 BLOGS E AVISÁ-LOS.
RESPONDER AS PERGUNTINHAS:

1- GOSTARIA DE SER UM VAMPIRO E VIVER ETERNAMENTE?
Opa, acho que não, viver pra sempre me assusta.
2- SE FOSSE UM VAMPIRO (A) COMO GOSTARIA DE SER CHAMADO (A) ?
Eu ia ser a Jules mesmo. O nome ia pegar, todo mundo ia ter medo de ouvi-lo. Mua-há-há!
3- QUAL A IDADE GOSTARIA DE TER PARA SEMPRE?
17, sem dúvidas. É a idade perfeita, não?
4- QUAL SERIA SUA APARÊNCIA?
Eu mesma, ué. Já sou pálida de qualquer jeito.
5- SERIA DO BEM OU DO MAL?
Do mal! Ser do bem é muito doloroso pra quem nasceu pra ser do mal. Uhh, filosofei. Mas verdade, eu ia ser durona. Mas sem matar ninguém, é claro. Coisa básica, só ia comandar um exércitos de vampiros e controlar a mente dos humanos.
6- VIVERIA ENTRE OS HUMANOS OU PREFERIA SER SOLITÁRIO?
Eu seria aquele vampiro oportunista que só se aproxima dos humanos quando precisa. Me aproximar demais faria com que sentimentos nascessem, e eu sou muito bobinha pra me meter num relacionamento impossível .
7- CONSEGUIRIA VIVER DE SANGUE OU SERIA "VEGETARIANO"
Não sei se é porque eu não sou um vampiro que eu não consigo me imaginar bebendo sangue de gente... De qualquer forma sangue de animal é mais nojento, não?
8 - QUAL SEU VAMPIRO DA FICÇÃO FAVORITO?
Stefan! *-* Ele largava aquela sem sal e ia viver comigo, num ia nem sentir falta, e ainda deixava o Damon feliz e longe dele. Eu podia até deixar ele continuar sendo bonzinho.
9 - QUAL SEU LIVRO SOBRE VAMPIROS FAVORITO?
Vampire Diaries a fúria ou reunião sombria; não sei qual o mais bacana. Chorei no reunião sombria!
10- ASSISTI ALGUM SERIADO SOBRE VAMPIROS ATUALMENTE?
Vampire Diaries. Yay!
11- INDIQUE UM FILME SOBRE O ASSUNTO:
Difícil. Eu gosto de Van Helsing.
12- O QUE ACHA DA SAGA CREPÚSCULO?
Errr... Bom, eu gosto do plot, do jeito que a moça lá escreve... Mas eu sou mais realista.
13 - QUAL O VAMPIRO (A) MAIS LINDO (A) DA ATUALIDADE?
Eu já falei Stefan?
14 - QUAL O CASAL MAIS LINDO?
Eu e Stefan :D
15 - PREFERE UM ANJO OU UM VAMPIRO?
Boa pergunta.
16 - PREFERIA NAMORAR UM LOBISOMEM OU UM VAMPIRO?
Eca, não gosto de homens peludos!
17- SE FOSSE UM VAMPIRO NAMORARIA UM HUMANO?
Não . Eu sou fraca, oh!
18 - SE OS VAMPIROS EXISTISSEM SE APAIXONARIA POR UM?
Se ele fosse bonitinho, né...
19 - SE FOSSE UM VAMPIRO SERIA VINGATIVO?
Claro! Qual a graça se não fosse?
20 - SERIA BELO OU UM MONSTRO?
Se eu seria eu, eu seria bela! :D Hehe, brincadeirinha.
21 - QUAL PODER GOSTARIA DE TER?
Ficar invisível pode? Eu sempre quis ficar invisível!
22 - CONSEGUIRIA FICAR LONGE DE SUA FAMÍLIA?
Eu só não ia transformar minha mãe!
23 - SE VIVESSE ETERNAMENTE O QUE VOCÊ GOSTARIA DE FAZER NESSE TEMPO TODO?
Comer doritos.
24 - QUAIS LUGARES MORARIA?
Cara, eu ia ser madame chique, só ia viver nos lugares badalados.
25 - TERIA CORAGEM DE TRANSFORMAR ALGUÉM EM VAMPIRO?
Acho que sim, se rolasse aquela coisa de “oh, amo você”, “oh, eu também”.
26 - QUAL SERIA SEU PIOR INIMIGO? (SER SOBRENATURAL)
Poxa, o sol não é sobrenatural, então deixe-me ver... Meu pior inimigo seriam as sereias. Elas são meio pancada.

Marcados:
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Falando de livros

quinta-feira, 31 de março de 2011

Promoção

"Se você pudesse controlar a mente de alguém, quem seria e por quê?"
Finalmente a bendita promoção saiu e eu estou empolgadíssima para começar logo com ela. A demora só veio do fato de que eu não tenho mais tempo de respirar direito, mas pra um filho a gente sempre tem um tempinho de sobra. Pra participar é moleza, então eu vou explicar rapidinho como funciona:
• Siga o blog Depois da Meia Noite;
• Vá ao twitter, siga @ja_nobel e retweet a frase "Ganhe o livro Depois da meia noite com a @ja_nobel se a sua resposta for melhor que a minha”, quantas vezes for o tamanho da sua vontade;
• Responda a pergunta acima para meu email, ja.nobel@hotmail.com, com a maior criatividade que você tiver. Sem esquecer de acrescentar no email o nome de usuário do twitter e do blog pra controle.
O prêmio da melhor resposta ganha uma edição promocional de DMN! Mas só pra avisar que a promoção só começa a valer a partir de 20 participantes, o que significa que você deve correr pra chamar seus amigos para participarem também. A escolha do ganhador será feita por uma banca e será divulgado no final de maio.
Regras:
• Não serão lidas respostas com mais de 10 linhas;
• Palavriado chulo, desrespeitoso e movido por opiniões violentas serão eliminados;
• Não bajular, por favor. Agradeço elogios, mas eles não terão peso na escolha da resposta;
• Apenas uma resposta por participante será aceita;
• Caso seja descoberta a criação de mais de um usuário para o mesmo participante, esse será desclassificado.

BOA SORTE A TODOS!

terça-feira, 22 de março de 2011

Terror noturno

Descobri que jamais seria capaz de fazer medicina na vida. Assisti, nesse fim de semana, ao filme 127 e quase piro. Não costumo falar de filmes por aqui, mas esse teve um efeito pscológico forte demais em mim. Muito bom filme; efeitos bacanas, boa representação, conseguiram fazer uma história baseada em um só cenário em um mundo de ilusões incrível. Não sou fã de plot arrumadinho e final previsível, gosto mesmo de filmes e histórias que me faça pensar um pouco.
Problema foi o fato de eu não ter estômago pra ver alguém numa situação como aquela. Confesso que adiantei aquela parte que antecede o final feliz - o mais feliz que podia ter, pelo menos - onde uma cena ensanguentada aparece. Gritei a ponto de preocupar minha mãe. Haha. Acontece que euzinha já fiz escalada em cavernas, tenho uma marcada pra mês que vem, inclusive. Alguém entendeu o poder que isso tem sobre mim? Tive pesadelos à noite, não consegui forças pra escrever o que o professor de história falava, e isso somado ao "tique" que eu tenho com coisas perto do meu pulso, como o arame do caderno. O quê? Pelo menos prova que eu não sou uma suicida em potencial!
To com crise de tendinite. Deve ser castigo por escrever histórias durante as aulas. Enrolei um saco de gelo na mão e fui tirar meu cochilo merecido. Não deu outra: sonhei que tava sem o braço. Tava tudo dormente, não sentia nada, piorou. Tava lendo DMN e quase fiquei esperando o Ryan ter perdido o braço no acidente. O pior? Todo filme que assisto tem que ser duas vezes. Sorte pra mim.
Mas já que a gente está falando de filme eu gostaria de lhes apresentar um de meus filmes favoritos. Infelizmente está dublado porque não consegui achar um legendado, mesmo assim, divirtam-se!

Enfim, gente, fiquem antentos à promoção porque ela vem aí. Beijos.

sábado, 19 de março de 2011

Surpresa! (Acho que já usei esse título antes)

Seguinte: estava eu usando meu tempo livre para refrescar as ideias no meu travesseiro, mais conhecido como dormir, e tive um sonho muito mega power esquisito que eu não posso contar! MUA-HA-HA-HAA! Pra me defender eu digo que não quero ser spoiler do meu próprio livro, porque só posso contar se eu contar o final junto!
Chegando ao ponto, o sonho me despertou a ideia há muito em fase de hibernação sobre uma promoção um tanto elaborada pra quem gostaria de ganhar um exemplar do livro. Pra quem leu "elaborada" eu devo explicar que é por isso que ela não está terminada ainda. Mas brevemente, com a ajuda de algumas assessoras, ela vai estar rolando a todo vapor aqui no blog e no twitter(tecnologia me mata) da autora (eu): @ja_nobel (eu ia mexer no HTML pra ser link direto, mas acabei de cair da cama - não, eu não durmo o tempo todo -, então não faz mal copiar e colar).
Fiquem atentos porque a qualquer momento eu lanço a promoção e eu sempre admirei gente pontual. Acho que é isso. Eu volto essa semana mesmo pra postar alguma coisa que preste. Agora to indo estudar. Sorte pra mim!

terça-feira, 8 de março de 2011

Como escrever

Estava eu respondendo a um email de uma nova colega que me pedia umas dicas para começar um livro. Lembro-me bem que nos primórdios de minha aventura eu costumava prestar muita atenção em como todas as palavras que eu lia costumavam se organizar numa boa história. Fiz um resumo de minha pouca experiência e aqui está, então espero que ajude:
Bom, eu comecei a escrever bem pequena e desde lá nunca desisti; só se aprende a escrever o fazendo. O segredo é observar as pessoas a sua volta; os personagens são sempre feitos daquilo que você enxerga nas outras pessoas, independente de que elas sejam exatamente daquela forma ou não. Estabeleça o tipo de crença que eles têm, a personalidade de cada um; pense neles como seres humanos que precisam de corpo alma e espírito. Não se aflija se não conseguir de primeira; os melhores autores são aqueles que nunca estão satisfeitos com o que escreveram - mesmo que estejam orgulhosos de si mesmos. Significa que eles crescem todo dia.
Pesquise. Muito. Decida onde acontece sua história e qual a importância desse lugar durante o enredo. Lembre-se que cada lugarzinho desse mundo tem um traço cultural diferente. Dedique-se em saber o máximo possível de coisas sobre esse lugar, afinal de contas, é lá onde você vai "viver" até que tenha terminado sua história. Sim, sim, viva o seu enredo, deixe que sua mente faça parte da cena, procure escrever o que você está vendo em detalhes quando tem uma ideia.
Assim como um médico estuda o caso de seus pacientes, meta a cara num livro e estude a gramática, as figuras de linguagem, regras de pontuação, revise suas dúvidas, porque quando o fizer você vai criar um enorme poder de avaliação. Pegue um livro cujo estilo se pareça com o seu para se espelhar. Se você gosta do jeito que alguém escreve, tente prestar atenção no que faz a leitura ser tão boa pra você. Se gosta de autores detalhistas procure ser detalhista também quando escreve; se gosta de quem vai direto ao ponto e deixa a parte de imaginar com o próprio leitor, faça isso. Leia livros destinados à faixa etária que deseja alcançar, leia livros que fazem sucesso, leia livros que você odeia pra que não faça igual. Mas não se esqueça de que o SEU estilo é SEMPRE o que você deve mostrar. Não tente copiar nada de ninguém; você tem que tentar ser ainda melhor.
A parte que eu mais acho complicada é o tempo da narrativa. Primeiro pense na duração da sua história: se vai durar anos, meses ou semanas. Tente fazer o tempo passar graciosamente, sem colocar nenhuma mudança brusca para não assustar o leitor. Eles também gostam de se manter informados sobre o tempo pra associarem a própria vida ao que estão lendo. Se a história for sobre duas pessoas que se apaixonam, por exemplo, lembre-se que o coração leva algum tempo para perceber que se atrai por alguém mais do que só fisicamente. Ninguém conhece outra pessoa num dia, se declara no outro, e em dois meses não conseguem viver separados. Olhe pra seus amigos e veja se algo assim já aconteceu. Eu gosto de me manter bem realista.
Se a história for sobre um mistério, lembre-se que os leitores vão querer uma explicação. Crie uma e se mantenha firme nela em tudo que você escrever. Existe gente muito crítica por aí que vai encarar qualquer deslize seu como um abismo. Os detalhes são a parte mais difícil e a mais importante para uma boa história. De novo, o tempo vai te atrapalhar muito se você não conseguir trabalhar com ele.
Eu digo tudo isso, mas quero que saiba que você tem todo o direito de absorver só o que achou importante. Você não imagina o poder que tem com um lápis na mão. É só se lembrar que, se você quiser, você pode criar um universo paralelo onde as torres gêmeas nunca caíram e os EUA vivem na miséria. Fique à vontade pra expor sua visão do mundo pelos olhos dos personagens; eles são partes de você.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Testamento de vida

Estando eu aqui, parcialmente lúcida enquanto entregue à loucura, olhos apontados ao céu enquanto caio ao chão, no dia que conta um a menos até a minha morte, quero dividir igualmente meus bens entre os que amo.
Mas o que tenho eu senão o que a pouca idade me permitiu juntar? Assim pois, começo citando um dos meus mais preciosos bens materiais. Tenho agora perto de mim a doce cantiga de ninar das cordas do meu violão; cantiga feita por diversos ritmos, diversas vozes que se juntaram à minha; cordas que choraram aflitas, surpresas, perdidas. O violão é mimado, manhoso, então peço que o dono seguinte seja compreensivo quando ele pedir colo, quando ele quiser ouvir uma história antes de dormir. Ele foi um dos meus melhores companheiros e eu o deixo com aquele cuja verdadeira voz vem do coração.
Quanto às músicas que vieram do violão, eu achei justo que pertencessem a outra pessoa, porque a melodia e a canção precisam aprender por si mesmas a importância de juntarem forças sem esperar por alguém que o faça. As músicas são por direito daquele que acha que é bom sozinho. Mas até mesmo as ilhas precisam do mar para ganharem o nome.
Para o que sonha eu deixo a melhor aventura da minha vida, eu deixo as inúmeras conversas com meu travesseiro, as imagens por trás de minhas pálpebras, as vezes que sonhei sozinha e as lutas que enfrentei. Espero que para o sonhador não seja um fardo receber junto com minhas histórias algumas noites mal dormidas, algumas broncas dos mais velhos, algumas palavras tristes, falsas promessas, porque a parte boa, se não for só ao meu ver, é realmente muito boa. Nenhuma escola é capaz de ensinar a se conhecer como faz o ato de pensar em várias definições para uma coisa só, apenas a lendo outra e outra vez. As histórias são sobre quem as lê, então não negue que pode se enxergar nelas. Revide. Que elas possam te fazer querer escrever sobre mais alguém pra que o ciclo se complete.
Fiz desenhos durante a vida, e o que me faz sentir penar em partir é pensar que nunca mais poderia vê-los. Conheci alguém que sorri ao ver o lápis interagir com o papel, aqueles dois grandes amigos, é é a esse alguém que eu deixo meus desenhos: à amizade. Não rabisque e faça o favor de não amassar ou partir em pedaços, porque o que se constrói com esforço e carinho deve ser preservado. Isso é pedido sincero.
Gostaria de deixar um pouco de minhas memórias para cada um que já passou por mim, mas logo quando comecei a escrever percebi que já as distribuí durante a vida, e mesmo que algumas tenham se perdido, eu não me arrependo da distribuição prévia.
Não posso esquecer do amor. Se esse veio no fim da lista não pense que eu não sei da importância que ele tem. Querendo me justificar, eu digo que é porque não sei ainda o que fazer com ele. Sendo esse o meu último pedido, talvez eu possa ser um tanto egoísta e pedir aqui que todo amor que carrego seja enterrado comigo. Se você acha que não fará falta - agora contrariando todo o sentido de um testamento - deixe um pouco do seu amor para mim, para agora e para quando eu não estiver mais por perto.
Minhas economias estão no canto de sempre, então dividam com honestidade. Mas duvido que vá haver brigas quanto a algo tão banal quanto o dinheiro.
Por fim deixo aqui meus ombros para quem quiser chorar, meus lábios para quem quiser um beijo e a certeza de ainda continuarei por aqui por muito tempo. Aguardo minha doença terminal ter seu fim para que isso seja lido entre sorrisos e para que eu ganhe um abraço no final. Porque da velha excência do ser, morre um pouco todo dia. Eu estou apenas começando a viver.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Sono e gripe

Intervalo da aula. Quando eu me matriculei juro que tinha "matutino" escrito no contrato. Como todo mundo sabe que aluno veio ao mundo pra sofrer, nada mais justo que deixar que a regra continue e a solução é colocar aula à tarde duas vezes por semana. Mas eu não vim falar disso. Dias atrás me inspirei e escrevi um pequeno texto na pasta de rascunhos do meu celular enquanto pensava na terna sensação que Ryan sentia ao beijar a May.
"A sensação de um beijo passa muito rápido. O que devia estar ali toda vez que se fecha os olhos, segundos depois não passa de uma breve lembrança do que você gostaria de ter feito passar devagar só pra se lembrar de como é. O gosto do beijo demora um pouco mais para passar, mas, igualmente, vai embora sem se importar com o quanto você quer guardá-lo. Beijo é como aquela última fatia de bolo na geladeira: você tenta guardar um pouco pra depois, mas algo dentro de você te diz pra aproveitar de uma vez. Quando menos se espera, se sente falta do sabor que nem é mais lembrado. E como existem aqueles que se viciam com a comida, existem os viciados em beijo. Dietas são sempres ruins."
J. A. Nobel.

A sensação que faz os lábios de Ryan arderem depois do beijo de May não está exatamente no ato. Dizem que o amor é uma reação química - me atrevo a dizer que poderosa - e se dar ao luxo de sentí-lo pode te fazer imaginar qualquer sensação. Aposto - e como autora do livro, eu sei - que se alguém fosse dizer isso para Ryan, ele negaria com todas as forças que era imaginação. Quanto a isso eu deixo cada um de vocês para trazer a mente uma lembrança sobre isso. Boas ou ruins, beijos formam lembranças.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

De tudo um pouco

Hoje eu decidi contar um segredo. O que tenho a dizer é algo que já venho dizendo há dias. Sabem o quê? Hoje é o terceiro dia que venho aqui e fico a encarar a página de postagens por horas sem saber o que dizer. A parte boa é que eu não morri, mesmo estando tão perto. Pra explicar melhor, estava chovendo, sábado de seis e meia da manhã e eu tive que ir à escola.
Mas esses dias têm sido bons. A gente sempre arruma coisa pra fazer quando não se tem tempo; é nessas horas que medimos nossas prioridades. Uma das minhas prioridades da semana antes do início das aulas foi alguém que participa comigo de uma técnica chamada de comensalismo. Não me peçam pra explicar, eu já tenho falado tanto sobre isso que comecei a ter dúvidas sobre o que eu mesma estou sentindo. É uma situação que já dura bastante e eu finalmente consegui equilibrá-la.
Senti inveja da Marie Del Picchia - nome de esnobe - quando li o que ela escreveu no blog de Sobre Todas as Coisas hoje de manhã. Percebi que a vida me fez cansar de esperar, a vontade que sinto de ir em frente me confunde e pesa. Estou esperimentando como é ser a única responsável por mim mesma e crescer é um processo complicado. Posso estar soando como uma idiota, mas pra mim soa muito pior.
Hora de ir, eu tenho um monte de novidades que eu só estou esperando que sejam confirmadas. Falando assim eu até pareço uma mulher de negócios e a ideia me atrai muito! Haha. Por enquanto eu volto pra a baixa idade média no meu livro de história geral - que é a única coisa que eu estou estudando, tsc, tsc - e espero vê-los logo. Perdão pelo que pareceu ser melancolia, da próxima eu falo um pouco mais de Ryan que a saudade tá grande.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Despedida

A hora estampada nos meus pesadelos chegou. Tenho pensado no que dizer aqui desde que primeiro imaginei criar o blog. Porque se isso tudo foi fruto de um sonho; um sonho maior, sonhado não só por mim, está para exigir muito mais da minha presença.
Não sei ler o futuro e não sei como esse ano será para o blog, mas ainda há muito a ler por aqui, ainda há muito a descobrir sobre mim e sobre DMN, porque eu mesma venho descobrindo. Sonhei tanto em achar alguém que lesse minhas histórias, que tive que contar algumas delas que não fazem parte de nenhum livro. E tudo isso bem aqui, onde eu me achava de tempos em tempos, tentando encontrar boas palavras e inspiração o suficiente pra encontrar novos amigos que, de mim, só sabem que eu, um dia, tive um sonho e escrevi uma história.
O livro continua lá, de pé, firme e forte, com as mesmas palavras, esperando para ser aberto. Se algum dia, algum espírito aventureiro brilhou em você, se aventure a lê-lo, se aventure e desejar tê-lo em suas mãos, porque vocês não sabem o tamanho das aventuras que eu tive que enfrentar por esse simples desejo.
Aqui vou eu, em tom de despedida, me desculpando se uma força maior me tirar desse meu lugar favorito por tempo demais.
J. A. Nobel.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Matemática

Acabo de descobrir que não há cura para a falta de inspiração. Se eu fosse escrever DMN hoje em dia, eu demoraria o dobro do que demorei. Mas se eu não tentasse vencer o vazio que minha mente se encontra, o fracasso seria um pensamento constante, e ele não é agradável. Minha vida vai e vem; se eu não me agarrar àquele sentimento momentâneo pra tirar alguma coisa proveitosa da minha cabeça, isso simplesmente vai embora com a chegada do próximo sentimento.
Mas tudo bem, nada que um dia inteiro assistindo minha série policial favorita não resolva. Às vezes eu até consigo esquecer que vivo num mundo onde um mais um é um só. O quê? Loucura? Pior que não é. Existe muita gente que se sente incrivelmente sozinho só porque está com uma péssima companhia. Existe muita gente que gosta de ter uma companhia apenas pra curtir a solidão. Se você já se sentiu assim, sorria como disfarce pra si mesmo e vá assistir uma dessas novas comédias da Warner.
Se dizem que o tempo resolve tudo, eu digo que o que resolve é a maneira de cada um encarar o tempo. Com a saudade que sinto da inspiração que eu conseguia pra escrever meus últimos livros, tudo que eu faço é lê-los outra vez. Partes de mim estão naqueles personagens e eu me esforço pra achá-las cada vez que os leio. Pensei que eu ia enjoar das histórias bem rápido; se até agora não aconteceu eu interpreto como um bom sinal. Aqueles personagens são reais de um modo fictício, e me contam versões diferentes da mesma história a cada vez.
Se eu uma vez reclamei do trabalho que é pesquisar tudo, organizar os dias do ano corretamente durante a trama, pesquisar a cultura do local da história, lembrar dos hábitos pessoais, criar conexões entre as anormalidades que acontecem, sem falar dos outros milhares de detalhes... Eu agora reclamo do porquê de não me lembrar como repetir metade disso. Haha.
Mas como eu disse, não há cura para a falta de inspiração, é só não se deixar cair nela.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

2011 cheio de glamour

Ano novooooo! Ebaaa! Seja bem vindo, 2011; por favor, seja gentil comigo como você começou sendo! O quê? Pois é! Fiquei chique. Vocês nem imaginam. Volto pra a cidade "grande" e acho um vídeo do blog no youtube! Nem me aguentei quando eu vi. Agradeço demais ao Israel Silva, um escritor e tanto com quem eu venho trocando umas ideias. Dei até entrevista; ele conseguiu arrancar umas boas informações sobre mim.
Quem quiser conferir é só ir em http://pensassonhos.blogspot.com/2011/01/entrevista-com-j-nobel.html. Mas não pode esquecer de seguir o Israel e deixar um comentário lá.
Espero que todo mundo tenha curtido uma ótima festa de fim de ano e que as mesmas alegrias continuem a durar por 2011 inteira! Eu continuo aproveitando minhas férias, então aproveitem a de vocês e confiram o vídeo novinho que eu ganhei!