quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Dias do medievo

De novo, pessoas do meu mundo vil, venho aqui lhes abrir o olho pra a verdade. Ha, que nada, só queria iniciar com uma frase de efeito. Sabem que ultimamente venho tendo desejos de escrever um conto medieval, uma história intrigante que veio direto dos meus sonhos. Quando fecho os olhos a trama está lá, esperando pra que seja escrita.
Assim também veio a ideia de DMN. Na época escrevia a história mais tensa da história das histórias e parei por achar a tal ideia muito boa. Eu estava procurando uma blusa minha na lavanderia quando a história me invadiu. A cena na minha mente era a do primeiro sonho esquisito que o Ryan tem: é uma estrada onde ele está sozinho e vê a May pela janela do carro. No início a May foi planejada pra ser um fantasma como esses que nós conhecemos, mas quando a história toma seu próprio rumo não adianta negar. Sempre disse que cada personagem meu tem vida própria dentro da minha cabeça - até acho que eles me dominam de vez em quando - e aqueles que me conhecem sabem o quanto isso é verdade.
Então aqui vai o sonho do Ray que está no 4 capítulo do livro depois das modificações que a história me obrigou a fazer:
"Eu estava em um carro grande com as janelas fechadas; totalmente familiar pra mim, mesmo que não fosse nem sequer parecido com qualquer carro que minha família já teve. O silêncio reinava ao redor, só um chaveiro de dadinhos pendurados no retrovisor chacoalhando o interrompia, e eu estava sozinho, era o único dirigindo até onde meus olhos podiam alcançar.
A estrada à minha frente era comprida, o pôr-do-sol a iluminava apaticamente, como se simplesmente não ligasse para a cena, não ligasse em brilhar. Dirigi pacientemente pelo que pareceu uma eternidade, às vezes batucando no volante uma música que logo esquecia e voltava a me concentrar, curioso pra saber aonde ia. De repente, percebi: era um sonho e eu devia ir para algum lugar! Devia existir algo no meu subconsciente que me trouxe aqui. Então olhei pela janela à minha esquerda, e me espantei com a cena. Uma garota de pé, olhando para a cena de um acidente: alguém invisível que eles cuidavam na maca. Tinha algo de familiar naquela menina, algo que eu não tinha capacidade de lembrar o que era; como uma memória embaçada, como se algo em minha mente não queria que eu pensasse em nenhuma comparação. Mas antes que eu pudesse me esforçar mais, a garota ergueu a mão e nem o acidente nem o carro que eu dirigia existiam mais. Agora éramos nós dois na estrada vazia, nos olhando bem dentro dos olhos um do outro, sem que os dela me dissessem nada. Era como tentar ler uma folha em branco.
Achei então que uma brecha tinha se aberto, achei por um momento que podia comemorar minha conquista com uma risada; tudo porque eu pude ver expressões vindo à seu rosto. Era uma mistura de emoções emocionante de assistir, até que, de uma só vez, tudo parou, um sorriso sombrio se formara em seus lábios. Sua mão se ergueu novamente, dessa vez para mim, e eu cai no chão, tomado com a maior dor que já havia sentido, mesmo em sonho. Minha mente se contorcia, algo me sufocava, e não aguentei continuar com o que quer que estivesse me mantendo ali. A última coisa que eu vi foram seus olhos que se divertiam com minha dor.
Então..."

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