Passei o fim de semana na praia. A praia é aquele lugar feito para os corajosos, ou para os sortudos, ou para os paranóicos. Estar na praia é quase um mandato para exibir seu corpo, suas curvas e pneuzinhos, seu rosto oleoso de protetor solar e sem maquiagem nenhuma. Quem está na praia sabe que será julgado e comparado a outros, sabe que terá seus piores defeitos na boca de alguém, e sabe, como um péssimo defeito da alma humana, que julgará outros muitos.
A vaidade rege o ser humano. Quem se deixa escravizar por ela, se deixa ser cruel em criticar quem não conseguiu, porque esses, com certeza, queriam também ser escravos. Quem não conseguiu vive por dar desculpas. Na piscina hoje de manhã tinha uma mulher dizendo que era gorda, mas ainda era saudável. A ouvi comentar que sua taxa de colesterol estava um ponto abaixo do limite de 200. "Sou uma gordinha saudável", repetia. Por estar se justificando já dava pra dizer que não era.
Mas a vaidade é um daqueles sentimentos feitos apenas pra nos deixar loucos. As mulheres se arrumam pra deixar as outras mulheres com inveja, os homens gostam das mulheres arrumadas pra mostrar aos amigos o peixe que caiu na rede deles.
Se a humanidade é assim tão vaidosa é claro que o livro vai trazer um pedaço da vaidade pra dentro dele. Me atrevo a dizer que é um sentimento parasita que gosta mais ainda da cabeça dos jovens. Ryan é vaidoso quanto a si, quanto as pessoas com quem anda, quanto as meninas que namora. E quando a vida lhe resolve lhe ensinar uma lição, ele de repente se sente fraco diante dela, sente como se o mundo fosse começar a lhe julgar pelo que nunca tinha julgado antes. Talvez nem seja verdade, mas é um ponto em que o tal parasita já tem tomado conta de sua mente. Tanto que o faz sentir vergonha de seus próprios pensamentos quando sua única salvação é dividi-los com a May.
Do que a vaidade te faria sentir vergonha se você fosse obrigado a dividir seus pensamentos com a pessoa que você mais ama? Eu sentiria vergonha de ser vaidosa.
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