Bom, não sei como começar. Se é trapaça usar o blog pra assuntos pessoais? Claro que sim, mas eu uma vez gostaria que meus assuntos pessoais não fossem sobre mim. Tenho pensado em fazer isso há algum tempo, talvez desde que nós nos conhecemos, mas as coisas mudaram demais de lá pra cá. Se eu tivesse escolhido escrever meses atrás essa seria uma carta de uma garota boba contando que o que ela sentia talvez fosse paixão.
Agora eu quero escrever só porque somos bons amigos e, a maior parte de mim, pelo menos, gosta de que seja desse jeito. Estaria mentindo se dissesse que não penso como seria se você chegasse a se declarar pra mim, eu queria saber se eu conseguiria ressuscitar aqueles velhos sentimentos e poder retribuir. Mas às vezes eu agradeço por você estar longe, por eu não poder vê-lo todos os dias. Você devia saber - e talvez até saiba - que a gente é mesmo parecido, que daríamos certo junto, que talvez encontrássemos no outro o que sentimos falta na sociedade.
Pausa. Você entrou pra falar comigo sobre um enigma que eu te deixei pra resolver. Se tivesse uma memória melhor talvez se lembrasse.
Sempre quis saber qual a sua reação se eu te dissesse que cheguei ao diagnóstico perfeito pra você. Me desculpe, você é bipolar. É bipolar por ser o perfeito cavalheiro em um dia e no dia seguinte me fazer sentir falta desse lado seu. Bipolar por trocar todas as coisas por mim e depois esquecer da minha existência, deixar que uma série de TV se torne mais interessante que eu. É bipolar por um dia ser o melhor amigo que tenho pra conversar e dias sem que a gente se fale me fazerem desaprender a conversar com você. É bipolar por estar apaixonado por mim e não conseguir dizer mesmo sabendo que eu já percebi. Então você só finge. Como faz desde o início. Como faz com todas as coisas que você acha difícil.
Eu não sou o tipo de garota que tenta lê as entrelinhas só pra construir um caso de amor utópico. Eu sou o tipo de garota que ignora qualquer coisa que eu possa ver nas entrelinhas exatamente pra não criar uma utopia a mais na minha mente. Mas do mesmo jeito que as suas entrelinhas são raras, as minhas crises de ignorância são maiores.
Queria poder te dizer que eu, sinceramente, te odeio. Odeio a maior parte das suas manias, dos seus vícios, das suas palavras; mas eu sei o preço de uma amizade e não quero te deixar, mesmo que você não me queira por perto. Vai precisar um dia, eu sei do que estou falando. Pode parecer idiotice, porém eu não te contei que guardo uma coleção inestimável e única. Coleciono pedidos sinceros de perdão, coleciono lembranças. Sou o tipo de pessoa que ganha o dia quando alguém do meu passado vem pra me contar que se lembrou de mim.
Não guardo mágoas, mas memórias doem, e delas eu sou cheia. Isso às vezes é uma benção, às vezes uma maldição. A sua memória é terrível, e tanto quanto eu agradeço por poder cometer um deslize sem ter medo de que você se lembre, eu agradeceria se não tivéssemos que nos conhecer de novo todos os dias. Me sinto como a personagem do meu livro, implorando pra se tornar uma memória quando a noite cair. A sensação que eu tenho é que você nem sequer sabe quem eu sou, não fez nada para juntar todas as histórias de mim que tenho te contado. Você também esquece o quanto eu te conheço, e eu conheço o bastante pra prever alguns dos seus passos, eu te conheço bastante pra enxergar quando uma de suas palavras soa diferente. Mesmo que eu não possa ouví-las.
E o mais triste disso tudo, para que fique registrado aqui, é que eu te escrevo esse bando de baboseiras porque você nunca vai chegar a ler. Se ler não perceberá que falo da sua pessoa, se ler vai esquecer enquanto dorme. Mesmo com tudo isso conversar com você é bom, sabe? Bom porque me tira do mundo. Você acha tantos problemas no cotidiano que eu percebo que esses tais mesmos problemas não são problemas pra mim. Admita que você não é prático. Se deu esse título porque adimira quem o é. Se deu o título pra poder justificar muitas de suas ações descrentes por causa disso.
Seja o amigo que eu espero que seja. Escolha um dos seus lados e me espere aprender a lidar com ele. Estou tentando dar o melhor de minha amizade pra quem você é agora. Faça o mesmo por mim.
Muito bem Julie (: pelo menos agora você expôs o que estava ou estar ou estará preso dentro de ti... Go foward on that way babie (:
ResponderExcluirValeu, cara. Mas talvez isso ainda seja meio covarde.
ResponderExcluirnão é não Julie... vai por mim, sei bem o que é isso. Melhor de todas: Você também esquece o quanto eu te conheço, e eu conheço o bastante pra prever alguns dos seus passos, eu te conheço bastante pra enxergar quando uma de suas palavras soa diferente. Mesmo que eu não possa ouví-las. eerrr... bom, enfim.
ResponderExcluirhahaha. que bom que gostou. ele realmente "soa" diferente quando tem um problema quando fala comigo no pc.
ResponderExcluireu Julie, sei bem o que é isso. Não que eu goste de saber, mas sei ¬¬ INFELIZMENTE!
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